Friday, October 16, 2009

Relatos do Rio: 15 de outubro

- Embaixador, qual a sua expectativa para a III Conferência?
- Minha expectativa é que ela aconteça.
- E corre o risco de não acontecer?
- Espero que não. Ano que vem é um ano difícil. Temos eleições.
- O senhor acha que tem alguma chance da conferência não ser institucionalizada?
- O Conselho vai ser institucionalizado. A Conferência não.

Faço cara de surpresa; o embaixador emenda rápido:
- Você conhece alguma conferência que foi institucionalizada?
- Não, mas Lula pode decidir.

O embaixador dá de ombros: “Hum …… só se ele inovar”.
- Lula é um presidente inovador.
-É , isso é verdade…

O diálogo, entre o embaixador Oto Agripino Maia, sub-secretário das Comunidades Brasileiras no Exterior, e eu dá o que pensar. Institucionalizar a Conferência é uma das prioridades do grupo dos Estados Unidos. Existe um consenso de que mudando o governo, o ministro das Relações Exteriores e a administração, quem garante o terreno ganho com a realização da 1ª e da 2ª Conferências vai ser mantido no mesmo nível? Como a ler meu pensamento, o embaixador arremata: “O decreto (que institucionaliza o Conselho dos doze) está no comitê judiciário”.
Na verdade, há quem diga que estava no bolso do Ministro Dulci pela manhã, mas ele teria desistido de apresentá-lo devido a ameaças de discórdia.

São 4 da tarde do segundo dia – o primeiro oficial – da Conferência Brasileiros no Mundo. A manhã foi longa, longuíssima. Quatro horas e meia de discursos. A abertura oficial reuniu a nata da administração Lula, de Luis Dulci, a Celso Amorim, ao senador Eduardo Azeredo, ao senador Cristovam Buarque em video (ele teve de permanecer em Brasilia para uma solenidade pelo Dia dos Professores). Às 9 da manhã o salão nobre do Itamaraty estava superlotado, faltava chão, cadeira e ar.

Mas quando os discursos começaram a se estender e multiplicar – sete oradores – a sala esvaziou bastante. O cafezinho e a água não foram suficientes para afastar a sonolência e o cansaço. Na noite anterior houve duas reuniões e hoje pela manhã o ônibus encostou no hotel às 7:30 da manhã e ninguém almoçou antes das 14 horas.

Depois do almoço, os quatro grupos temáticos que refletem principais reivindicações da ata consolidada, foram separados por sala e começou o que todo mundo queria: um debate e uma mesa redonda. Mas, na verdade, foi mais uma apresentação de assessors do governo brasileiro, seguida de uma sessão de perguntas e respostas.

O tempo mudou dentro e fora do Itamaraty. O sol cedeu lugar as nuvens e as nuvens escureceram a tarde e não demorou nada para cair uma chuva pesada. A primavera carioca ficou com cara de inverno. Até os cisnes imperiais procuraram abrigo debaixo das palmeiras também imperiais. Nas salas de discussão, o clima não era muito melhor, havia uma certa frustração dos participantes de que os temas estivessem sendo discorridos e não discutidos. Sueli Siqueira, professora e pesquisadora, veio de Governador Valadares, não deixou por menos: “Falta organização, disciplina, alguém que coordene e mande o povo parar de falar….”.

Amanhã, começa tudo novamente às 7:30. E, sendo o ultimo dia, todo mundo vai preparado para brigar pelas reivindicações da sua comunidade. É esperar para ver!

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