São 7 e meia da noite do dia 13 de outubro, terça-feira. Janelões de vidro mostram o marzão de Copacabana, um convite ao dolce far niente. Mas dentro do restaurante do Othon Palace, o clima é de debate. O vozerio torna difícil o diálogo, Silair da Silva, da Florida, se levanta e pede silêncio. Na confusão, alguém cancelou as salas que estavam reservadas para uma reunião da delegação dos Estados Unidos e outra do Itamaraty. O jeito é fazer alí mesmo, com cheiro de peixe e quindão no ar, regados com o excitamento de quem veio de longe para falar da sua comunidade.
Oficialmente, a II Conferência Brasileiros no Mundo, começa às 8 horas da manhã do dia 15, paralelamente, porém, a história é outra. Fora a reunião do bloco dos Estados Unidos na noite do dia 13, na quarta, dia 14, pela manhã tem outras duas: , a mídia imigrante se reúne na sala do café-do-manhã e o pessoal da rede européia na sala Portal". Às 13:45 horas, avisa o Itamaraty, todo mundo no saguão do hotel para pegar o ônibus que vai nos levar para uma reunião preliminar. Quem veio pensando em tirar férias, vai ficar por fora.
Diferenças?
“Nós temos uma realidade muito diferente. Vivemos isolados uns dos outros e da comunidade”, conta Grassy Fabricio, que há 29 anos mora em Assunção, no Paraguai. Ela está espantada e overwhelmed com tudo que vê e ouve. É sua estréia na Conferência. “Os brasileiros que moram na franja – a linha fronteiriça entre os dois países – não se integram, não falam o espanhol nem o guarani, sao vistos pelos campesinos como invasores de terra”.
“Falta a questão de gênero”, reclama Leila Daianis, representante da Libellula, da Itália. Desde o ano passado ela tenta levantar a falta de espaço para a colocação de assuntos relacionados à realidade dos transgêneros. Na Itália, diz Leila, é grande o problema da violência doméstica praticada por homens italianos casados com brasileiras.
Será que as nossas diferenças são mesmo tão grandes?, matuto. Violência doméstica? Acabamos de presenciar um caso brutal, perpetrado por brasileiro, mas os casos de maridos americanos agressores não são poucos. E brasileiros isolados porque não falam a língua e não se integram com a sociedade local também é lugar comum em Boston. No fundo, no fundo, penso, apesar de morarmos em regiões do mundo completamente diferentes, vivemos a mesma experiência: somos imigrantes brasileiros tentando nos firmarmos em terra estrangeira.
Aproveito uma chance e levanto a mão. Reintero o que tenho defendido há algum tempo: a necessidade dos brasileiros nos Estados Unidos formarem uma rede de forma que possam se comunicar continuamente. Várias redes já foram formadas em alguns estados, Massachusetts é um exemplo, mas, defendo, temos de ter uma congregando todos os brasileiros dos Estados Unidos.
Afinal, após uma hora e meia de discussão, decide-se que o bloco dos Estados Unidos vai lutar pelos pontos básicos defendidos por Alvaro Lima durante a tele conferência do dia 3 último: institucionalização da conferência, institucionalização do conselho dos 12, a ser eleito pelo voto direto de todos os brasileiros imigrantes.
Thursday, October 15, 2009
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